quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Soltando a imaginação

Cartunistas levaram uma mostra de seus trabalhos para a rua

Guilherme contou com a ajuda de Máucio para desenhar



Daniel Franco da Silva, 12 anos, viu pela primeira vez um cartum ser desenhado no sábado pela manhã. Era parte da atividade proposta pelo 4º Encontro dos Cartunistas Gaúchos, o Cartucho, levar para as galerias do Calçadão de Santa Maria um pouco do universo dos quadrinhos. Daniel adorou e não se contentou em olhar. Pelo tempo que um desenho demora para ser delineado, ele pôde viver o seu momento de artista.Com os olhos brilhando ao ver a enorme folha de papel em sua frente, ele respirou fundo, pediu uma caneta a um dos cartunistas e começou a imitar o desenho que viu em uma revista. No fim, achou que podia ter desenhado melhor e ficou meio envergonhado. Segundo ele, os desenhos que faz na escola são muito bonitos e já lhe renderam bons elogios da professora. Mas, para os cartunistas, Daniel virou um exemplo. Um motivo para repetirem a ação de levarem outras vezes os seus trabalhos para a rua.- Eu estou arrepiado. É muito legal ver o interesse dele - disse o coordenador do evento, Máucio Nunes Bonotto Rodrigues, ao perceber que outros garotos começavam a ter a mesma atitude de Daniel.O pequeno Guilherme Pereira Goulart, 11 anos, chamou o amigo Robson da Silva Flores Conceição, 11, para também fazer parte da brincadeira. Guilherme, que estava de aniversário, disse que poder desenhar num papel daquele tamanho era um grande presente. O menino está acostumado aos limites da folhinha do seu caderno e ficou radiante ao saber que a criatividade pode ganhar dimensões muito maiores. Máucio não resistiu e deu uma forcinha para que o garoto soltasse sua criatividade.Bem ao lado deles, os cartunistas também usavam e abusavam da imaginação. Aguçados pelas pessoas que passavam, uns criavam cartuns sobre os personagens da cidade. Outros faziam piada com a crise política, a falta de solução para o caos aéreo e até mesmo a chuva, que impediu que eles fossem para o meio do Calçadão. Cada um deles teve de trilhar uma longa história até conseguir apoio e espaço para levar adiante o sonho dos desenhos. Por isso, a participação dos meninos era tão importante para os cartunistas, que ficaram tristes quando Daniel, Guilherme e as outras crianças tiveram de ir embora.- Levar o trabalho para a rua é bem legal porque oportuniza que a gente tenha a reação imediata das pessoas. A gente vê na hora o retorno delas, se gostaram ou não do que nós fizemos - disse o estudante de Desenho Industrial Tiago Martins de Oliveira, 20 anos.Admiração - O casal Alba, 69 anos, e Edgar Correa Lucio, 74, foi um dos que aproveitou a oportunidade para ver os artistas criando as suas obras. Edgar disse que é um grande fã dos cartuns e que chega a recortar as charges do jornal devido à admiração que tem pela criatividade dos profissionais.- Eu fico olhando impressionado. Tem gente que pensa que é fácil de fazer, mas não é não. É preciso ter um humor refinado e uma grande percepção da realidade - elogiou Edgar. (MARILICE DARONCO — Diário de Santa Maria)

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