segunda-feira, 17 de março de 2008

Alunos paulistas têm dificuldade de entender histórias em quadrinhos

Estudantes das escolas públicas da rede estadual de ensino de São Paulo têm dificuldades para compreender uma história em quadrinhos, principalmente de humor.

Essa é uma das conclusões que se pode tirar da leitura do relatório de 2007 do Saresp, exame do governo paulista que mede o nível de aprendizagem dos alunos do Estado.

Os resultados foram divulgados ontem. Na prova de língua portuguesa, o conteúdo pedido foi ligado à interpretação de textos.

Na 4ª série, um dos pontos esperados era que o aluno identificasse os elementos que constituem uma história em quadrinhos e tirasse conclusões sobre o tema.

O resultado (referente à prova toda, e não só sobre a parte de quadrinhos):
59,8% dos alunos tiveram resultados abaixo dos esperados ou insuficientes para a série que freqüentam
34,7% apresentaram conhecimentos compatíveis com a série em que estão
5,6% tiveram rendimento acima do nível esperado
Em outras palavras: de cada 10 alunos da 4ª série, 6 não entendem uma história em quadrinhos básica.

Na 8ª série, espera-se que o aluno articule elementos gráfico-visuais e que entenda ironias. Os dois elementos estão presentes nos quadrinhos.

O resultado, também da prova toda, é pior que o da 4ª série:
69,2% ficaram abaixo do esperado
24,3% tiveram rendimento adequado à série
6,5% estavam acima do nível esperado
No 3º ano do ensino médio, uma das expectativas dos elaboradores do Saresp é que o estudante leia e compreenda o efeito de humor de uma tira cômica.
Esse tipo de questão é comum também nos exames vestibulares e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), elaborado pelo governo federal.

Um dos testes se baseava numa tira de "Hagar, o Horrível", de Dik Browne.

O resultado é ainda pior que o das demais séries:
78,8% dos estudantes ficaram abaixo do nível esperado para o 3º ano do ensino médio
21,1% adequado à série que cursam
0,1% avançado para a série
É possível dizer, com base nos resultados, que de cada 10 estudantes do 3º ano do ensino médio, quase 7 não compreendem ou não conseguem explicar o humor de uma tira.

Apesar de alarmantes, os dados revelam uma melhora na contagem geral de língua portuguesa, se comparados com pesquisa de outro exame, realizado em 2005.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Pesquisa aponta quadrinhos como instrumento de divulgação científica

Por Diego Figueira, responsável pelo site Pop Balões (05/03/08)

Uma pesquisa para dissertação de mestrado realizada pela bióloga Claúdia Kamel, do Departamento de Inovações Educacionais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), investigou o potencial das histórias em quadrinhos como instrumento de divulgação científica e ensino de ciências em salas de aula. A pesquisadora analisou o potencial educacional de cerca de 400 histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa.A dissertação, intitulada Ciências e quadrinhos: explorando as potencialidades das histórias como materiais instrucionais, teve a proposta de verificar se gibis poderiam ser usados como subsídios didáticos para introduzir, elaborar e complementar conhecimentos científicos. Das 392 edições com personagens da Turma da Mônica analisadas, 274 apresentavam histórias relacionadas a três grupos temáticos que são trabalhados nas aulas de ciências naturais do ensino fundamental brasileiro, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): ambiente; corpo humano e saúde; e ciência e tecnologia. O tema mais citado foi "ambiente", presente em 162 revistas. Em entrevista para o boletim eletrônico da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), agência financiadora da pesquisa, Cláudia citou vários exemplos de como estes temas aparecem nos quadrinhos e como podem ajudar na construção do conhecimento científico dos estudantes. A pesquisa também analisou como as histórias em quadrinhos vêm sendo utilizadas nos livros didáticos da área de ciências. "A pesquisa evidenciou que nos livros didáticos de ciências naturais analisados essa linguagem ainda é muito pouco explorada, o que nos conduz a pensar em estudos posteriores acerca de sua aplicabilidade como elemento articulador em aulas", disse Cláudia. Mais detalhes sobre as pesquisas podem ser conferidos aqui.